20.3.12

A IGREJA E O ARREBATAMENTO

Talvez essa seja a questão central dentro da proposta deste site. Em que momento dos acontecimentos proféticos se dará o nosso encontro nos ares com o Senhor Jesus, tal qual foi revelado em Mateus 24:30-31 e I Tessalonicenses 4:16-17?

Entendemos, pelas razões que exporemos mais adiante, que o encontro da Igreja glorificada com o Senhor nos ares não pode ser dissociado de Sua gloriosa vinda. Neste capítulo, abordaremos alguns tópicos que nos direcionam a acreditar que o chamado arrebatamento ou encontro dos salvos com Jesus nos ares será um evento que ocorrerá ao mesmo tempo da segunda vinda de Jesus, logo após a grande tribulação. Essa questão assume vital importância, pois observamos que muitos não estão atentando para essa questão. Muitos sequer cogitam a possibilidade de passar por esses momentos de tribulação e provação (I Pedro 1:7).

Da mesma maneira que a Igreja primitiva teve que escolher entre viver de acordo com os princípios espirituais e morais do império romano e a reclusão das catacumbas, devido à implacável perseguição desencadeada a partir do ano 64 d.C., a Igreja nos últimos tempos se verá diante de igual conjuntura. Aceitar a marca do anticristo ou viver à margem do sistema político, econômico, social e religioso que governará o mundo? Talvez você tenha que responder a essa pergunta num futuro muito próximo...

Não queremos ser conclusivos. Acontecendo o arrebatamento antes, durante ou após a grande tribulação, o vital é que o cristão esteja preparado para esse momento maravilhoso em que aqueles que morreram em Cristo serão ressuscitados e os que estiverem vivos serão transformados recebendo corpos celestiais para, ato contínuo, encontrar-se com Cristo nos ares e reinar com Ele sobre a Terra e toda a criação. O que nos chama a atenção é que, ocorrendo o arrebatamento logo após a grande tribulação, muitos não estejam realmente preparados para enfrentar esses dias difíceis, pois a maioria defende o arrebatamento como um evento pré-tribulacional. Muitos atualmente estão mais preocupados em estar cada vez mais inseridos na sociedade, aproveitando tudo o que ela pode oferecer, do que dedicados ao estudo das profecias escatológicas.

Que tipo de postura essas pessoas terão diante dos últimos acontecimentos? É hora de se preparar, porque não sabemos o dia nem a hora em que Jesus virá (Mateus 24:42). A seguir, abordaremos alguns tópicos que nos mostram claramente que o chamado “rapto” ou encontro dos salvos com Jesus, será um evento que acontecerá ao mesmo tempo da segunda vinda de Jesus em glória, ou seja, logo após a grande tribulação. Ao mesmo tempo, tentaremos explicar porque o sistema pré-tribulacionista além de ser um ensino novo no seio da Igreja, não possui suficiente base bíblica. Neste estudo não estão incluídos todos os pontos referentes à questão abordada. Em todo nosso site você encontrará outros estudos, comentários e reflexões que certamente completarão o que é exposto aqui.

Analisemos alguns textos bíblicos que abordam os temas "arrebatamento" e "segunda vinda".

LOGO APÓS A GRANDE TRIBULAÇÃO

Na revelação profética proferida por Jesus poucos dias antes de Sua morte, a qual encontra-se registrada nos livros de Mateus, Marcos e Lucas, o Senhor relaciona diretamente o arrebatamento à vinda em glória, deixando claro que acontecerão ao mesmo tempo. Em Mateus 24:29-31, diz textualmente:

"E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus".

Nesse texto, fica claro que a segunda vinda de Jesus acontecerá logo após a grande tribulação (Mateus 24:21), será visível a nível mundial e em glória. É neste momento que os escolhidos serão arrebatados de todas as partes da terra.

As palavras do Mestre são diretas e reveladoras. Lembremos que naquele dia, em razão da pergunta de alguns discípulos, os quais tinham ficado chocados quando o Senhor lhes disse que o Templo de Jerusalém seria destruído, o Mestre se deteve para explicar-lhes de forma pormenorizada os principais eventos proféticos e sinais que antecederiam Sua volta. Não foi, como sustentam alguns, uma revelação exclusiva para os judeus. Jesus estava lidando naquele momento com os discípulos que seriam Suas testemunhas no começo da Igreja e que iriam apascentar essa Igreja.

Pouco antes de subir aos céus, Cristo instrui Seus discípulos, os mesmos que tinham ouvido aquelas importantes revelações proféticas, para que fossem e fizessem discípulos de todas as nações (não apenas judeus), batizando essas pessoas em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando essas mesmas pessoas a guardarem todas as coisas que Ele lhes tinha mandado (Mateus 28:19-20). Dentre “todas as coisas” que o Senhor lhes tinha revelado estão, obviamente, as revelações feitas no Monte das Oliveira pouco antes de ser crucificado.

Portanto, não há nenhuma base para afirmar que Mateus 24:29-31 se aplique ao povo judeu e não à Igreja. Quem ensina isso está tentando fazer com que a revelação se encaixe dentro de seu sistema escatológico em vez de deixar que sua posição escatológica seja delineada pelo que revela claramente a Palavra de Jesus Cristo. Por outro lado, as intervenções de Paulo a respeito desses temas obedecem fielmente ao que já havia sido ensinado pelo Senhor. Não existe uma “escatologia de Paulo” dedicada à Igreja e distinta da escatologia ensinada pelo Senhor.

Pelo contrário, Paulo, apóstolo que se destaca por seu sincronismo escatológico com os ensinamentos de Cristo, narra em I Tessalonicenses 4:16-17 um cenário idêntico ao profetizado por Jesus em Mateus 24:29-31, atribuindo esse momento ao arrebatamento da Igreja. Nos parece inapropriado sustentar que ambos os textos se referem a momentos e situações diferentes e que Mateus 24:29-31 não se refere ao arrebatamento da Igreja.

ENCONTRO NOS ARES

Na primeira carta aos tessalonicenses, o apóstolo Paulo explica mais uma vez como acontecerão os fatos (I Tessalonicenses 4:13-18). No versículo 16 ele aborda a vinda do Senhor, dando a entender que esta vinda não será oculta para as pessoas em geral e sim visível. A exemplo do que fez Jesus no sermão profético, Paulo relaciona diretamente o arrebatamento a uma manifestação gloriosa do Senhor. Vejamos:

"Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro, depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor".

Fica claro que o apóstolo Paulo está falando sobre a segunda vinda de Jesus em glória, lembrando aquilo que já havia sido revelado pelo Senhor! É muito mais coerente crer assim do que afirmar que Paulo estava se referindo a um evento completamente distinto do que havia sido revelado pelo Mestre. Como já comentamos, são notórias e impressionantes as semelhanças com a narrativa do sermão profético de Jesus: a) presença de anjos e arcanjos, b) o som das trombetas e c) grande alarido, poder e glória.

Sem dúvidas, Paulo tinha conhecimento da narrativa profética de Jesus no Monte das Oliveiras, e traça em I Tessalonicenses 4:13-18 um relato desse mesmo evento. Nos parece temerário sustentar que Paulo estava referindo-se a um momento diferente àquele ensinado por Jesus...

AO SOM DA ÚLTIMA TROMBETA

Toda vez que Paulo ensina algo novo para os irmãos, algo que não havia sido revelado ainda, ele deixa claro que se trata de um mistério até então encoberto. Em sua primeira carta aos irmãos em Corinto, ele traz uma revelação a respeito da glorificação corpórea que ocorrerá no momento da gloriosa vinda do Senhor sobre os vivos e os mortos que fazem parte da Igreja. Em I Coríntios 15:51-52 está escrito: "Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos; mas todos seremos transformados. Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados". Note que o apóstolo menciona "ante a última trombeta".

Aqueles que já leram o livro de Apocalipse sabem que a última trombeta ou a sétima de um total de sete, será o sinal que desencadeará uma série de acontecimentos que levarão à derrota final do anticristo e do falso profeta diante da vinda de Jesus em glória (Apocalipse 11:15). Por essa razão, alguns tendem a relacionar a última trombeta descrita por Paulo na carta aos corintios à sétima trombeta do Apocalipse, o que, cronologicamente, está correto, pois a sétima trombeta desencadeará os últimos eventos tribulacionais, porém na prática não se caracteriza literalmente com a "última trombeta" mencionada pelo apóstolo dos gentios, já que o Apocalipse não havia sido sequer escrito quando a carta aos coríntios foi escrita.

Também, não tem sustentação, para encaixar essa última trombeta dentro do sistema pré-tribulacionista, basear-se na passagem de Números 10:1-10, com o propósito de afirmar um último toque de trombetas dentro de uma série específica, pois a afirmação de Paulo é contundente: o arrebatamento será ao soar da última trombeta.

A posição mais correta e equilibrada, ao interpretar o que significa "a última trombeta", está, mais uma vez, no próprio relato de Jesus. Ele determinou em Seu sermão profético que a Sua volta seria visível, gloriosa, acompanhada de anjos e ao som de trombeta (Mateus 24:30-31). Portanto, não há razões para negar que Paulo, novamente, se sujeita ao ensino de Cristo e transmite esse ensino aos irmãos em Corinto. De acordo com Paulo, o mistério, que é a glorificação corpórea dos santos vivos e mortos, se dará ao soar a última trombeta. O mistério revelado a Paulo não é a trombeta, mas a glorificação da Igreja quando soar essa última trombeta. A trombeta profética final e definitiva soará no momento da gloriosa volta do Senhor e isso já havia sido revelado por Ele mesmo (Mateus 24:31). Essa constatação relaciona, mais uma vez, o arrebatamento da Igreja à vinda em glória do Mestre.

MÁRTIRES NA TRIBULAÇÃO

Em Apocalipse 6:9-11, é narrada uma forte cena. Aparecem irmãos que haviam sido martirizados por causa da Palavra do Senhor e pelo testemunho que haviam dado em sua geração, clamando ao Senhor por justiça e sendo consolados por Ele. Naquele momento é dito a eles que é preciso que esperem ainda "um pouco de tempo" até que se completasse o número de seus conservos e seus irmãos que haveriam de ser mortos, como também eles foram. Esse texto fala claramente de cristãos pertencentes à Igreja primitiva e aos posteriores que foram martirizados por seu testemunho e vida cristã. O martírio, via de regra, está relacionado à oposição oficial e institucional contra o Evangelho.

Durante séculos, muitos morreram por causa da sua fé em Cristo e isso é bíblica e historicamente inquestionável. Porém, de acordo com a Palavra, é necessário que esse número de mártires se complete. Como isso continua acontecendo hoje, ainda que em menor número, esse número só será completado nos últimos dias, em pleno período tribulacional, já que é clara a presença de martirizados durante esse período (Apocalipse 20:4-6).

Durante o período tribulacional haverá a maior de todas as perseguições e tribulações institucionais contra a Igreja do Senhor. O texto de Apocalipse 6:9-11 deixa implícito que a perseguição nos últimos dias será semelhante à enfrentada pela Igreja primitiva: "..Até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos que haviam de ser mortos como eles foram", ou seja, um grupo de cristãos perseguido por um império político e religioso como aconteceu com os nossos primeiros irmãos.

A PRIMEIRA RESSURREIÇÃO

Em Apocalipse 20:4-6 está revelado:

"E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram à besta, nem à sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos".

Essa passagem é muito reveladora. Quando a Bíblia fala em primeira ressurreição, exclui automaticamente outra anterior, exceto os fatos específicos e reduzidos acontecidos no decorrer da história como é o caso, por exemplo, da ressurreição de algumas pessoas durante a crucificação de Jesus ou aqueles ocorridos no ministério do profeta Eliseu, as quais diferem da "primeira ressurreição" na questão da glorificação. A glorificação corpórea para a Igreja, como ensina Paulo em I Coríntios 15:50-52, ocorrerá ao som da última trombeta. Nem antes, nem depois.

Se a passagem que citamos inclui na primeira ressurreição aqueles que não adorarão à besta e morrerão por isso, então essa primeira ressurreição, obviamente, não pode acontecer antes da tribulação, pois a manifestação e poderio da besta ocorrerão em plena grande tribulação. Por outro lado, se esta é a primeira ressurreição, fica bastante óbvio que não haverá nenhuma ressurreição em massa anterior a esse momento. Alguns, ao deparar-se com esse claro e objetivo argumento, tentam contra-argumentar sustentado a divisão da primeira ressurreição em etapas. Porém, o texto apocalíptico é taxativo: "Esta é a primeira ressurreição". A ressurreição da Igreja por etapas não é revelada na Palavra. Pelo contrário, o apóstolo Paulo ensina que a ressurreição dos que são de Cristo se dará na volta Dele (I Coríntios 15:23).

Também é interessante observar na passagem de Apocalipse 20:4-6 que, aqueles que participam dessa primeira ressurreição, não serão tocados pela segunda morte. Ou seja, a ausência eterna da comunhão com Deus. Então, de acordo com o sermão profético de Jesus, as revelações de Paulo e os textos do Apocalipse que analisamos, participarão desta primeira ressurreição aqueles que morreram em Cristo (inclusive durante a grande tribulação). Aqueles que ainda estiverem vivos no momento da vinda gloriosa do Senhor serão transformados,como ensina Paulo em I Coríntios 15:50-52..

APOSTASIA E ANTICRISTO PRIMEIRO

A segunda carta de Paulo aos irmãos em Tessalônica é riquíssima em esclarecimentos proféticos. Em II Tessalonicenses 2:1-3, o apóstolo Paulo divinamente inspirado, volta a relacionar diretamente o arrebatamento à segunda vinda de Cristo em glória. Esse ensinamento do apóstolo foi proferido com o propósito de combater alguns que pregavam, já em meados do século I, a iminência da vinda de Cristo. De acordo com esses falsos mestres, o Senhor voltaria a qualquer momento já naqueles dias. Paulo sabia que tal vinda não poderia ocorrer sem a concretização dos sinais previamente profetizados pelo Mestre. Vejamos:

"Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição".

Neste texto ficam claras duas verdades:

a) Paulo associa nossa reunião com Cristo (arrebatamento) ao momento da vinda de Jesus. Mais uma vez, entendemos que é temerário supor que Paulo estava falando de uma vinda diferente à vinda descrita pelo próprio Jesus no sermão profético.

b) Esses dois eventos relatados na parte anterior (vinda e arrebatamento), não acontecerão antes da apostasia e da manifestação do anticristo, colocando obviamente esses eventos para o final do período tribulacional.

Um fato interessante nesta passagem, é que Paulo não menciona um arrebatamento pré-tribulacional como um dos precedentes necessários para a vinda do Dia do Senhor. Paulo usa como precedentes para tal vinda a apostasia e a manifestação do homem do pecado. Contudo, o arrebatamento secreto seria o argumento mais forte que Paulo poderia apresentar aos irmãos de Tessalônica para mostrar que a vinda de Jesus ainda não havia ocorrido... A omissão desse argumento vital, nos mostra mais uma vez que Paulo não tinha qualquer ensinamento a respeito de um arrebatamento pré-tribulacional da Igreja.

É notório também que, ao analisar o resto do texto sem preconceitos, chegamos à conclusão de que o que detém a revelação do anticristo não é a Igreja nem mesmo o Espírito Santo, enviado à Igreja, pois a manifestação do filho da perdição se dá cronologicamente antes do encontro entre Jesus e Sua Igreja, ou seja, antes do arrebatamento. Por outro lado, fica implícito que Paulo toma o cuidado de não mencionar "aquilo" e "quem" detém a revelação do anticristo. Se fosse a Igreja ou o Espírito Santo, haveria razões para Paulo ocultar o sujeito por duas vezes, mesmo considerando que os tessalonicenses já tinham ouvido isso diretamente de Paulo?

Alguns têm sugerido que o termo "apostasia" deve ser entendido como uma referência ao próprio arrebatamento ao afirmar que tal termo significa "partida". Então, de acordo com esse entendimento, a Igreja seria retirada da Terra antes da manifestação do anticristo. Oferecemos uma resposta a esse argumento mais adiante, quando abordaremos os principais argumentos pré-tribulacionistas.

Mais uma vez, é necessário notar a sujeição de Paulo aos ensinamentos proferidos por Jesus no sermão profético, registrado em Mateus 24 e também em Marcos e Lucas. Paulo, para mostrar aos irmãos em Tessalônica que a vinda do Senhor não ocorreria a qualquer momento dá dois grandes sinais que antecederão a volta do Senhor e nossa reunião com Ele: a apostasia e a manifestação do anticristo. Tal revelação está em plena sincronia com o que já tinha sido revelado por Cristo no sermão profético. Jesus profetizou como sinais que antecederiam Sua volta o esfriamento do amor por parte de muitos (Mateus 24:12) e a abominação desoladora (Mateus 24:15). São os mesmos sinais apontados por Paulo em II Tessalonicenses 2:1-3, deixando claro mais uma vez que o apóstolo considerava o sermão profético de Jesus a base escatológica que deveria ser seguida por todos os cristãos, sem exceções!

ALÍVIO NA TRIBULAÇÃO

Analisemos ainda a passagem de II Tessalonicenses 1:7-8:

"E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo"

Devemos observar que o apóstolo Paulo se refere aqui ao dia em que os cristãos seriam finalmente libertos das perseguições e tribulações do mundo. É importante destacar alguns pontos fundamentais nessa passagem:

a) Quem são as pessoas que estão sendo atacadas e atribuladas de acordo com essa passagem? Obviamente, trata-se dos cristãos vivos ao tempo do apóstolo Paulo e que viviam constantemente sob perseguição. Por abrangência, o texto se refere a todos aqueles que pertencem à Igreja e que estiverem vivos no tempo da volta de Cristo,sob intensa perseguição e tribulação.

b) Quando eles terão descanso das tribulações? O apóstolo é claro: "... quando do céu se manifestar o Senhor Jesus...". Uma manifestação, como descreve a passagem, acompanhada de grande majestade e poder. Paulo descreve a volta do Senhor Jesus acompanhado dos anjos do Seu poder, como uma labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e não obedecem as boas novas do Senhor Jesus. Nada disso nos remete a um rapto secreto e sim a um evento visível e glorioso. O versículo 8 não deixa muita margem de dúvida que a passagem está referindo-se a gloriosa volta do Senhor quando associa essa manifestação poderosa à destruição dos inimigos de Deus.

O versículo seguinte (II Tessalonicenses 1:9) esclarece ainda mais a questão ao revelar que os inimigos do evangelho sofrerão, como castigo, a eterna perdição. Ou seja, Paulo não está falando de uma vinda que gerará um período tribulacional, mas de uma vinda que trará juízo definitivo. É obvio, portanto, que Paulo só pode estar se referindo à vinda do Senhor em glória, que se dará exatamente logo após a grande tribulação. O que fica evidente então é que os cristãos terão alivio definitivo de suas tribulações quando Cristo retornar para buscá-los e, ao mesmo tempo, derrotar o anticristo e as suas hostes, instaurando Seu reino de amor e justiça sobre a Terra.

GALARDÕES APÓS A SÉTIMA TROMBETA

Em Apocalipse 11:17-18, os vinte e quatro anciãos expressam:

"...Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste. E iraram-se as nações, e veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra".

Observando o contexto onde se dá essa exclamação dos vinte e quatro anciões, vemos que ele ocorre logo após o toque da sétima trombeta, deixando evidente que a entrega de galardões para os santos (recompensa), se dará após o toque da sétima trombeta e não antes. O tempo do recebimento da recompensa por parte dos fiéis de todos os tempos é um evento relacionado neste versículo ao tempo da destruição dos que destroem a terra, relacionando mais uma vez o encontro da Igreja com Cristo como um evento inserido no final da tribulação e imediatamente anterior à derrota do anticristo, quando se concretizará a derrota final daqueles que destroem a Terra, assim como já vimos ao ler II Tessalonicenses 2:7-9.

Em Mateus 16:27, o Senhor já havia revelado que, por ocasião de Sua vinda, na glória de Seu Pai e acompanhado pelos Seus anjos, Ele recompensaria a cada um conforme a suas obras. No versículo seguinte (Mateus 16:28), o Senhor ensina que Ele virá em Seu reino e que isso será visível.

O MISTÉRIO DE DEUS E A SÉTIMA TROMBETA


Em Apocalipse 10:7, está escrito que o mistério de Deus se cumprirá "nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta". Quando, sob o prisma dos últimos acontecimentos, abordamos os conceitos "mistério" e "trombeta", observamos um interessante sincronismo entre esta passagem e a revelação dada a Paulo sobre o mistério que ocorreria ao soar da “última trombeta”. Esse sincronismo entre a revelação dada a Paulo e aquela recebida por João, nos parece muito mais do que uma mera coincidência.

Como já vimos anteriormente, se formos coerentes com a clareza da revelação, a última trombeta será tocada no momento da manifestação visível do Senhor nos céus (Mateus 24:31). Então, quando Paulo fala de "última trombeta", cremos que o apóstolo está citando o que o Senhor já havia ensinado. Porém, considerando que o escritor do Apocalipse não faz nenhuma menção explícita ao encontro da Igreja com o Senhor nos ares, acreditamos que o mistério mencionado em Apocalipse 10:7 esteja relacionado a esse evento maravilhoso, no qual receberemos corpos glorificados.
Isso se encaixa perfeitamente com o mistério mencionado por Paulo em sua primeira carta aos coríntios, situando, em ambos os casos, o arrebatamento na parte final da tribulação, ou seja, ao som da última trombeta ou, como identifica o escritor do Apocalipse, quando o sétimo anjo tocar a sua trombeta, desencadeando os eventos finais do período tribulacional, que desembocarão na vinda de Jesus, quando soará, como já vimos, a última trombeta.

O ARMAGEDOM E O ARREBATAMENTO

Em Lucas 17:37, após detalhar algumas características do arrebatamento e da Sua vinda em glória, Jesus é inquirido por seus discípulos com uma pergunta que muitos fazem atualmente:

- Onde Senhor? - Essa pergunta foi feita em função de todos os acontecimentos narrados por Cristo a respeito de Sua vinda, inclusive o arrebatamento, explicitando as dúvidas que eles tinham a respeito da localização geográfica e histórica dos eventos profetizados pelo Mestre. Jesus respondeu a Seus discípulos com uma declaração enigmática que está registrada não somente no texto de Lucas 17:37, mas também em Mateus 24:28: "...Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias"

Como já mencionamos, nos versículos anteriores, Jesus detalhou a Sua vinda gloriosa e o arrebatamento dos fiéis (Lucas 17:34-36), relacionando mais uma vez os dois eventos em questão. Ao responder com uma declaração enigmática e ao não diferenciar os eventos profetizados por Ele nos versículos anteriores, Jesus outra vez não faz nenhuma distinção temporal entre Sua vinda gloriosa e o arrebatamento da Igreja, nem entre essa vinda e a derrota dos exércitos do anticristo, como ficará demonstrado à continuação. Ainda mais: a pergunta dos discípulos foi feita imediatamente depois de Cristo descrever o arrebatamento (versículos 34 e 36), estando, obviamente, a resposta dessa pergunta atrelada diretamente à localização desse evento dentro do contexto dos últimos acontecimentos.

Se na resposta dada pelo Mestre nós vemos uma realidade que só será concretizada na derrota dos exércitos do anticristo no Armagedom, como abordaremos posteriormente ao comentar Apocalipse 19:17-18, fica estabelecida mais uma vez pelo próprio Cristo uma relação direta e única no tempo entre a Sua vinda gloriosa, o arrebatamento da Igreja e a derrota do anticristo e os seus exércitos no Armagedom, colocando todos esses eventos nos momentos finais da grande tribulação!

Voltando à declaração enigmática de Jesus em Lucas 17:37 e Mateus 24:28, vemos que os termos fortes utilizados por Cristo (aves de rapina se reunindo sobre o corpo), não parecem de forma alguma estar descrevendo nossa reunião com Ele, apontando para algo aterrador que ocorrerá por ocasião da Sua volta em glória.

Esse fato marcante e forte que ocorrerá na volta gloriosa de Cristo para arrebatar a Igreja, derrotar os exércitos do anticristo e livrar Israel está descrito em Apocalipse 19: 17-18, envolvendo os mesmos elementos citados por Jesus em Lucas 17:37 e Mateus 24:28 (aves de rapina e corpo): “...E vi um anjo que estava no sol, e clamou com grande voz, dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde e ajuntai-vos à ceia do grande Deus, para que comais a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a carne dos fortes, e a carne dos cavalos e dos que sobre eles se assentam; e a carne de todos os homens, livres de servos, pequenos e grandes”.

Esse texto descreve os momentos subseqüentes à volta de Cristo, quando o mesmo derrotará os exércitos do anticristo no Armagedom e revela a sorte que terão os corpos dos exércitos derrotados, levando-nos a uma relação lógica com a declaração enigmática de Jesus em Lucas 17:37 e Mateus 24:28: "...Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias...".

Jesus, ao responder à indagação de Seus discípulos a respeito do arrebatamento com uma citação enigmática do que aconteceria por ocasião da derrota assustadora dos exércitos do anticristo no Armagedom, relaciona mais uma vez o arrebatamento dos fiéis à Sua vinda em glória.

O que fica patente em todos esses textos e em muitos outros que analisaremos neste site, é que o arrebatamento da Igreja não deve ser separado da volta de Cristo em glória. A clara constatação bíblica da participação da Igreja no período tribulacional nos chama a uma séria reflexão. Como se dará essa participação? Que atitudes deverão ter os servos do Senhor na terra diante do governo mundial maligno? Essas e outras perguntas serão respondidas na medida do possível no decorrer deste livro e nós esperamos de todo coração que o mesmo gere uma maior conscientização sobre o verdadeiro papel da Igreja nos últimos tempos.

O PRÉ-TRIBULACIONISMO

Os primeiros elementos para o surgimento da idéia do arrebatamento anterior à tribulação apareceram no século XIX, dentro do movimento carismático dos irvingistas. Até aquele século ninguém fizera qualquer distinção entre o arrebatamento e o segundo advento de Cristo. O movimento surgido entre os irvingistas, foi posteriormente popularizado pelos irmãos de Plymouth nos Estados Unidos, de onde, rapidamente, se propagou para outras denominações evangélicas, as quais, pelo fato de, em sua maioria, terem iniciado suas atividades de evangelismo internacional e crescimento a partir do século XVIII, absorveram a interpretação pré-tribulacionista, chegando em alguns casos a dogmatizá-la em seus credos.

Para entender porque essas igrejas abraçaram a novidade do pré-tribulacionismo, é necessário saber qual era a mentalidade escatológica daquele tempo.

A maioria dos cristãos no século XVIII era pós-milenista e historicista. Ou seja, eles entendiam que Jesus voltaria depois do Milênio e que os fatos e sinais profetizados no Apocalipse e noutras passagens bíblicas, já tinham se cumprido durante a história. Era comum interpretar os 1260 dias descritos no Apocalipse como 1260 anos, ou os 2300 dias descritos em Daniel como 2300 anos. Então, o pré-tribulacionismo surgiu nessa convergência histórica e baseado nessa mentalidade.
A idéia de iminência (a volta de Jesus ocorreria a qualquer momento, pois todos os sinais já tinham se cumprido durante a história), foi unida à idéia de que os cristãos cheios do Espírito Santo seriam tomados para Deus antes da manifestação do anticristo, concepção divulgada a partir de uma revelação recebida pela jovem Margaret MacDonalds, uma integrante dos irvingistas. Essa revelação foi aceita pelo pastor Edward Irving como uma mensagem divina e, logo após, ele buscou argumentá-la com textos bíblicos no jornal “The Morning Watch”, na edição de junho de 1831. Anos depois, o modelo pré-tribulacionista foi sistematizado por John Darby, unindo os fundamentos surgidos entre os irvingistas com as premissas do dispensacionalismo.

Com o passar dos anos, principalmente depois das duas guerras mundiais, a posição pós-milenista foi perdendo força, diante do inegável fato histórico de que os poderes mundiais caminham para a destruição e não para uma restauração espiritual generalizada anterior à vinda do Senhor. Atualmente, há poucos pós-milenistas, sendo que a maioria dos cristãos é pré-milenista (crê que o Milênio ocorrerá como resultado direto da volta de Jesus e não antes) ou amilenista (não crê que o Milenio é um periodo literal).
Então, vemos que hoje a maior parte dos pré-tribulacionistas é pré-milenista, apesar de muitos não saberem que uma das bases originais do pré-tribulacionismo foi o pós-milenismo. Uma leitura que recomendamos àqueles que quiserem conhecer mais sobre as verdadeiras origens históricas do pré-tribulacionismo está na obra "The Life of Edward Irving", de autoria de Mrs Olifant, publicada por Hurst e Blackett em 1865 na cidade de Londres, Inglaterra.

Sinceramente, cremos que muitos servos do Senhor serão protegidos durante a tribulação final. Não iremos aprofundar-nos aqui sobre a veracidade da revelação recebida pela jovem Margaret. Nós cremos nas manifestações do Espírito Santo. Cremos que o Espírito Santo age com quem Ele quer e da forma que Ele quer. O que não pode haver, em hipótese alguma, é a aceitação de uma revelação que se coloca contra verdades bíblicas.

Tendemos a crer que é bem possível que a revelação recebida por Margaret MacDonalds, caso realmente tenha sido algo oriundo do Espírito Santo, estivesse apontando para uma proteção especial que muitos terão durante o período tribulacional (Apocalipse 3:10). Porém, o que fica claro neste ponto é que a interpretação que foi dada a respeito da revelação pelos líderes dos irvingistas aponta para algo que foge à Verdade das Escrituras e do que havia sido ensinado pelos apóstolos no primeiro século.


Em nosso estudo ESCATOLOGIA PRIMITIVA, explicamos porque os irmãos primitivos eram predominantemente pré-milenistas e futuristas e totalmente pós-tribulacionistas.

Quando estudamos detalhadamente a história da Igreja primitiva, vemos que a mesma não aguardava apenas o arrebatamento e sim o retorno de Cristo para instaurar o seu reino. Nesse contexto, o pré-tribulacionismo é um ensinamento novo no seio da Igreja. É uma novidade diferente do que foi pregado e ensinado pelos apóstolos e crido pelos nossos primeiros irmãos. Por outro lado, uma análise imparcial e sem visões pré-concebidas dos textos bíblicos que tratam dos acontecimentos relacionados à volta do Senhor, não permitem afirmar que o arrebatamento se dará num momento diferente da segunda vinda.

Os defensores do arrebatamento pré-tribulação, argumentam que a segunda vinda de Jesus está dividida em duas etapas:

a) A vinda do Senhor somente para arrebatar a Igreja, de forma oculta ao mundo e anterior à tribulação;

b) O retorno do Senhor em forma visível e em glória após a tribulação.

Sinceramente, acreditamos que tal argumentação é uma distorção da doutrina bíblica. Nenhum texto escatológico permite que se chegue a tal conclusão. Pelo contrário, cremos que a Bíblia apresenta claramente a promessa de duas vindas sem etapas intermediárias. A primeira já cumprida há aproximadamente dois mil anos, e a segunda ainda por se manifestar, como claramente expõe o escritor aos hebreus (Hebreus 9:28). A seguir, analisaremos algumas passagens usadas como fundamento por aqueles que acreditam no arrebatamento como um evento anterior à tribulação que virá sobre a Terra.

GUARDADOS OU TIRADOS?

Em Apocalipse 3:10, na carta dirigida à igreja em Filadélfia está escrito:


"Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra".

Muitos usam esse versículo para sustentar a tese do arrebatamento anterior à tribulação. Porém, note que o verbo utilizado no texto é guardar e não tirar. Fica subentendido que, aqueles que pertencem à igreja fiel (Filadélfia), serão protegidos pela mão do Senhor, que está no controle de tudo. O verbo guardar aqui está relacionado à idéia de livramento e proteção em meio à tribulação. Não significa que a Igreja se encontrará nos ares com Cristo com o objetivo de ficar fora da tribulação e sim que será "guardada" durante a tribulação.

Nesse contexto, é bom salientar que "Igreja" não significa nenhuma denominação em particular, até porque muitas denominações e concílios entregarão sua soberania ao falso profeta e ao seu sistema ecumênico. A verdadeira Igreja é formada pelos discípulos fiéis ao Senhor, que não se dobrarão diante do sistema e que serão guardados por Ele em meio à aflição. Como afirma o apóstolo Pedro, "...Mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já preste a se revelar no último tempo" (I Pedro 1:5).

A frase "eu te guardarei da hora", origina-se de duas palavras gregas: téreo e ek. Téreo tem o significado de "velar", "guardar", "preservar", sendo sua tradução literal algo semelhante a "manter os olhos sobre algo". Já a preposição ek significa basicamente "de". Para que a interpretação pré-tribulacionista tivesse alguma sustentação neste versículo, o escritor do Apocalipse deveria ter usado uma outra preposição grega – apo – que expressa a idéia de separação radical, "para fora de".

Para entender melhor o significado de "tereo" e sua utilização em conjunto (tereo+ek), vejamos o que diz a oração de Jesus em João 17:15: "Não peço que os tires do (ek) mundo, mas que os livres (téreo) do (ek) mal". Ao orar para que os discípulos fossem guardados do mal, Jesus não estava dizendo que Satanás não poderia tentá-los ou que eles seriam transladados para um local onde não pudessem ser tentados. Simplesmente, o Mestre pede para que o Pai guarde os discípulos em segurança e impeça que o inimigo tenha vitória sobre eles.

IRA TRIBULACIONAL OU IRA ETERNA?

Aqui está mais um argumento usado pelo modelo pré-tribulacionista: o arrebatamento como forma de não sofrer a ira de Deus. Em I Tessalonicenses 5:9 diz:

"Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo" (Veja também I Tessalonicenses 1:10)

Quando estudamos o conceito "ira", observamos que a ira de Deus tem se manifestado durante toda a história humana diante do pecado e da desobediência do homem. Obviamente, os salvos e justificados já não estão debaixo dessa ira divina. Portanto, estamos livres da ira de Deus a partir do momento do novo nascimento, o que já aconteceu e continua acontecendo na vida de milhares de pessoas há centenas de anos. Esse livramento acontecerá também com a Igreja no fim dos tempos.
Contudo, tal livramento não significa que há necessidade de retirar do planeta quem não será alcançado pela ira. Não há nenhum precedente histórico nem ensinamento bíblico que aponte para isso. Consequentemente, usar o texto supracitado como sustentáculo da teoria do arrebatamento anterior à tribulação com o objetivo de livrar a Igreja da ira divina, não nos parece o mais apropriado.

É preciso notar na passagem a antítese que Paulo faz entre "ira" e "salvação". Se seguirmos a tortuosa dedução pré-tribulacionista e associarmos o termo "salvação" a uma preservação física dos filhos de Deus, com o objetivo de que não sejam atingidos fisicamente por eventos catastróficos, então deveríamos excluir dessa "salvação" o próprio Paulo, pois o mesmo sofreu catástrofes naturais, torturas físicas e por último a morte física em meio a uma perseguição maligna e a uma tribulação impiedosa!
O dano máximo que um verdadeiro cristão pode chegar a sofrer numa tribulação é a morte física, como aconteceu com o próprio apóstolo Paulo. A salvação independe totalmente dos danos físicos sofridos sob a perseguição de um sistema de governo maligno ou de eventos catastróficos. Por outro lado, sabemos que o Senhor é Poderoso para guardar e preservar fisicamente aqueles que Ele quiser durante tais eventos, assim como Ele é poderoso para ressuscitar e glorificar todos Seus discípulos que morreram e morrerão, sem importar a forma como tenham falecido.

Ao usar a antítese entre salvação e ira, Paulo estava referindo-se à condição espiritual diante de Deus dos seres humanos de acordo com as suas escolhas: salvação eterna ou castigo eterno. Ele estava escrevendo sobre a salvação no sentido mais abrangente da palavra, que é a salvação eterna e sobre a ira de Deus no sentido mais amplo, que é o castigo eterno. Paulo deixa claríssimo esse entedimento ao escrever novamente aos irmãos em Tessalônica. Em sua segunda carta a eles, o apóstolo ensina que o castigo que o Senhor trará sobre os atribuladores é a perdição eterna (II Tessalonicenses 1:9)

Referente à ira vindoura descrita em I Tessalonicenses 1:10, entendemos essa ira como o clímax da ira divina no qual ocorrerá a destruição total dos exércitos do anticristo no Armagedom. Será o momento em que o Senhor Jesus exercerá pessoalmente esse juízo. Vejamos:

"Seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro. Da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso" (Apocalipse 19:15).

Nós seremos livres desse desfecho, pois, nos momentos imediatamente anteriores ao evento narrado na passagem acima, ocorrerá a ressurreição dos justos e a transformação dos vivos fiéis, os quais receberão corpos glorificados e se encontrarão com o Senhor nos ares. Todos esses, como vimos anteriormente, serão eventos diretamente ligados à segunda vinda de Jesus em glória para derrotar os exércitos do anticristo, livrar a nação de Israel de uma destruição iminente e instaurar o Milênio. A ira de Deu, enquanto desfecho profético, está intimamente relacionada ao Dia do Senhor, o qual ocorrerá logo após a grande tribulação (veja Apocalipse 6:12-17, Apocalipse 11:15-19)

Para mais informacões sobre o tema acesse o estudo A IRA THUMIS E A IRA ORGE.


DIA DO SENHOR INESPERADO?

Em I Tessalonicenses 5:2-3 está escrito:

"Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; pois que, quando disserem: Há paz e segurança! Então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão".

Esta passagem é utilizada pelos defensores do arrebatamento anterior à tribulação, tomando como base o caráter “inesperado” desse acontecimento mostrado por Paulo nestes versículos, para explicar a existência de um arrebatamento oculto e anterior à tribulação. Porém, temos que observar alguns tópicos importantes para entender melhor que foi escrito pelo apóstolo dos gentios.

a) Alguns podem argumentar que o cenário apresentado por Paulo, de "paz" e "segurança", não condiz com a realidade caótica denominada tribulação, colocando o arrebatamento (Dia do Senhor) como um evento pré-tribulacional. Entretanto, o apóstolo não diz que haverá paz e segurança, e sim “...quando disserem...”. Quando estudamos a figura e atuação do anticristo, descobrimos que ele terá um grande poder de convencimento e manipulação através da fala, e, sem dúvidas, essa promessa de paz e segurança virá dele. Com esse discurso, ele seduzirá a muitos durante a tribulação até o momento final em que reunirá todos os exércitos da Terra contra Israel. Acreditamos que ele usará como argumento para convencer todas as nações a marcharem contra Israel, a paz e a segurança mundial, afirmando que a nação israelense seria o único obstáculo para que isso finalmente acontecesse no mundo.

b) Note que o apóstolo começa a sua narrativa explicando o que acontecerá no DIA DO SENHOR. Quando estudamos mais detalhadamente o que é considerado na Bíblia como "Dia do Senhor", vemos que ele está sempre relacionado com a segunda vinda de Jesus em glória, quando Ele retornará para livrar o seu povo, derrotar os exércitos do anticristo no Armagedom e instaurar o seu reino de justiça. Isso fica claro em passagens como Joel 2: 31-32:

"O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar"

Outras passagens que relacionam diretamente o Dia do Senhor à sua vinda em poder e glória como Rei e Juiz, estão em Isaias 13:6, Joel 1:15, II Pedro 3:10, Isaias 13:9, Joel 2:28-32, Zacarias 14:1-2 e Joel 2:1-11. Para uma melhor compreensão do que é o Dia do Senhor, você poderá acessar o nosso artigo O DIA DO SENHOR.

c) A incoerência mais marcante do raciocínio pré-tribulacionista ligado a essa passagem está relacionada à gritante deturpação do sentido que Paulo quer ensinar aos irmãos em Tessalônica. O argumento pré-tribulacionista diz assim: "Ora, se o Dia do Senhor virá como um ladrão na noite, então o rapto só pode ser secreto e antes da tribulação, pois se fosse logo após a grande tribulação todos ficariam sabendo e já não seria inesperado como a chegada de um ladrão na noite...".

O argumento acima é, sob a ótica humana, plausível. Porém, à luz do que é ensinado no próprio contexto por Paulo e no que é revelado no Apocalipse, tal argumento e totalmente antibíblico. Se formos um versículo mais adiante da passagem inicial (I Tessalonicenses 5:2-3), veremos Paulo ensinando que para nós, discípulos do Senhor, o Dia Dele não nos surpreenderá como a chegada de um ladrão à noite, porque já não estamos mais em trevas! Logo, o Dia do Senhor surpreenderá que está em trevas. O Dia do Senhor não surpreenderá a Igreja. O Senhor não virá como um ladrão para a Igreja e sim para aqueles que estiverem em trevas. É isso que Paulo ensina.

Por outro lado, a revelação apocalíptica deixa claro que, mesmo em meio à grande tribulação e até mesmo nos momentos finais dela, os ímpios não atentarão para a proximidade da vinda do Senhor, fazendo com que todo argumento pré-tribulacionista referente à necessidade de que os eventos ocorram antes da tribulação para "surpreender" as pessoas, caia por terra. É só ler Apocalipse 9:20-21 e Apocalipse 16:10-11. Os homens só se lamentarão e chorarão amargamente diante de sua condenação iminente quando virem ocorrer os sinais cósmicos que antecedem a gloriosa vinda de Jesus (Mateus 24:30, Apocalipse 1:7, Apocalipse 6:12-17).

O TERMO “APOSTASIA” DESCREVE O ARREBATAMENTO?

O termo "apostasia" em II Tessalonicenses 2:3 é interpretado por alguns como "retirada", apontando para uma saída da Igreja antes da manifestação do anticristo. Porém, nesse contexto temos que destacar alguns pontos que se opõem frontalmente a essa idéia.

Em primeiro lugar destacamos um princípio que é fundamental. A submissão de Paulo aos ensinamentos do Senhor Jesus. O Mestre profetizou que antes de Sua gloriosa volta haveria esfriamento do amor ágape por parte de muitos (Mateus 24:12). Logo depois, Ele revela que haverá a abominação desoladora no lugar santo. Paulo, na passagem aos tessalonicenses, coloca a apostasia e a manifestação do anticristo como sinais que antecedem a vinda do Senhor e o nosso encontro com Ele nos ares, para ensinar que tais sinais deveriam ocorrer antes do regresso do Senhor. Então, não há razões para não crer que Paulo estava citando aos tessalonicenses os mesmo sinais que já haviam sido profetizados pelo Mestre!

Em segundo lugar, devemos considerar a coerência de Paulo no ensino ministrado durante todo o seu ministério. A segunda carta aos tessalonicenses foi uma das primeiras escritas pelo apóstolo. Porém, pouco antes de ser martirizado, ele escreve a Timóteo e ensina que no final dos tempos muitos apostatariam da fé (I Timóteo 4:1), voltando a lembrar o ensino original do Senhor.

Por outro lado, caso Paulo estivesse se referindo ao um rapto secreto ao escrever a palavra "apostasia", por que esse importante ensino não foi levado adiante pelas gerações seguintes? Analisando os textos referentes à Igreja nos primeiros séculos não há qualquer referência a um rapto secreto antes da tribulação ou antes da manifestação do anticristo. Os irmãos dos primeiros séculos não tinham qualquer crença nesse sentido. Eles criam na vinda do Senhor tal qual ela foi descrita em Mateus 24:29-31.

Por último, citamos o contexto. Faz parte de qualquer regra elementar de interpretação das Escrituras a consideração do contexto. Se formos ao começo do texto em questão, veremos que o apóstolo Paulo ensina aos irmãos que estariam atribulados na ocasião da vinda do Senhor, que Ele viria como labareda de fogo e com os anjos do seu poder, para trazer-lhes alívio ou descanso. Ou seja, o contexto apontado por Paulo é o da vinda do Senhor para aliviar a Igreja atribulada e não para evitar que a Igreja ingressasse na tribulação.

A IGREJA OU O ESPÍRITO SANTO DETÊM A REVELAÇÃO DA BESTA?

Outro texto bastante usado pelos defensores do arrebatamento pré-tribulacional está escrito em II Tessalonicenses 2:7:

"Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado"

Muitos usam esse texto para argumentar que aquilo que detém a manifestação e revelação do anticristo e seu sistema, é a Igreja. Outros sustentam que se trata do próprio Espírito Santo ou até mesmo os dois (Espírito Santo e Igreja). Acontecendo o arrebatamento da Igreja, o Espírito Santo deixaria a Terra à mercê do poder do anticristo para que ele se manifeste plenamente. Vejamos, porém, alguns tópicos:

a) É visível na Bíblia a atuação do Espírito Santo mesmo em plena grande tribulação. Senão, como exerceriam o seu ministério as duas testemunhas descritas em Apocalipse 11:1-14? Elas profetizarão por mil duzentos e sessenta dias e serão mortas pelo anticristo, porém reviverão após três dias e meio de forma sobrenatural. O texto contido em Daniel 7:21, deixa transparecer que muitos santos serão martirizados na mesma ocasião da morte das duas testemunhas. Agora reflita um pouco: Para quem profetizariam essas testemunhas, se não existissem pessoas sedentas de ouvir seu testemunho? Como ouviriam e seriam convencidas se o Espírito Santo, que convence de todo pecado e testifica aos nossos corações, não estivesse agindo na Terra durante o ministério das duas testemunhas? Com que poder elas ressuscitariam, se não fosse o poder divino? É importante saber que, mesmo durante a grande tribulação, DEUS ESTARÁ NO CONTROLE DO UNIVERSO E DA TERRA.

b) A revelação do Apocalipse deixa claro que um número considerável de pessoas não se dobrará diante do anticristo e se negará a receber a marca da besta, guardando sua fé até o fim (Apocalipse 7:9-17). Essas pessoas fazem parte do corpo de Cristo que é a Igreja, a menos que se queira dividir o Corpo em segmentos, o que se opõe a toda revelação bíblica.

A seguir, abordaremos mais detalhadamente essa passagem escrita por Paulo aos tessalonicenses em sua segunda carta, pois cremos que ela encerra revelações cruciais. Durante séculos a identidade de "quem" e "o quê" detém a revelação do anticristo, tem provocado o surgimento de muitas opiniões, o que é compreensível, pois Paulo não revela sua identidade. Daremos nossa posição a respeito, salientando que é apenas aquilo que entendemos sobre o tema, o qual não comporta posições dogmáticas:

1. Há uma dualidade de referências ao que impede a revelação do anticristo. No versículo 6, é usado o termo "o que o detém". Já no versículo 7 é usado um pronome pessoal: "somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado". Isso descartaria apenas um objeto/ação/instituição ou apenas uma pessoa. Conseqüentemente cremos tratar-se de uma pessoa e ao mesmo tempo uma estrutura ligada a essa pessoa.

2. O apóstolo Paulo relaciona a revelação do anticristo ao fato dele assentar-se no Templo de Deus. O apóstolo segue a mesma linha seqüencial usada por Jesus no sermão profético (Mateus 24:13-15). O assentar-se no Templo de Deus está relacionado à abominação da desolação, que ocorrerá num dia e num local específico (não acreditamos que a abominação desoladora possa ser alegorizada, já que a compreensão dos interlocutores de Jesus e de Paulo estava voltada a um evento literal profetizado por Daniel, cronologicamente situado no cenário profético). Portanto, se o encontro de Jesus e da Igreja se dará após a apostasia e a revelação do anticristo (abominação da desolação), logicamente, a Igreja não parece ser o que impede essa revelação (II Tessalonicenses 2:1-3).

3. No cenário apocalíptico, vemos uma Igreja que guarda os mandamentos de Deus e mantém o testemunho de Jesus, e vemos cristãos martirizados pelo governo do anticristo por seu testemunho (Apocalipse 12:17, 6:11, 20:4). Isso mostra a presença do Espírito Santo em meio à Igreja, mesmo após a revelação do anticristo, até porque o Espírito Santo foi enviado para consolar e guiar a Igreja e não para controlar os poderes do mundo. Conseqüentemente isso descartaria uma possível "remoção" do Espírito Santo da Terra para que o anticristo possa se manifestar.

4. Paulo revela que o mistério da iniqüidade já estava atuante no século primeiro (versículo 7). A partir do momento que Paulo fala no presente e projeta o clímax desse mistério no futuro, logicamente "aquilo/quem" impede esse clímax tem estado vivo e atuante nesses últimos 2000 anos, impedindo essa manifestação plena do mal. Isso descartaria a hipótese do Império Romano, que ruiu há muito tempo. Note que Paulo fala de resistência ao mistério em si e não propriamente à revelação do anticristo. Essa revelação será uma conseqüência física de causas espirituais.

5. Quem resiste precisa ter uma autoridade ou força maior ou pelo menos semelhante à força que está sendo resistida. Afinal de contas, estamos falando de 2000 anos de resistência...

6. O termo grego usado para "resiste", indica um ato contínuo de resistir, um confronto direto ou combate entre duas forças e não a mera "presença" de duas forças antagônicas.

Devido a essas razões e respeitando todas as outras, já que estamos abordando um tema não revelado diretamente na Palavra, cremos que "quem" e "o que" resiste o clímax do mistério da iniqüidade e sua concretização num evento específico, num local específico e num dia específico (abominação da desolação), é o arcanjo Miguel e suas hostes. No livro de Daniel, fica a clara conotação que o arcanjo Miguel, um dos primeiros príncipes, cumpre funções de resistência espiritual. Isso fica exposto em passagens como Daniel 10:12-13, Daniel 10:20-21 e Daniel 12:1. O mesmo arcanjo cumpre missões de combate espiritual, como fica registrado em Apocalipse 12:7, numa passagem notavelmente relacionada ao princípio da grande tribulação.

Baseados nestes princípios e revelações escatológicas, nós acreditamos que o arrebatamento e subseqüente encontro da Igreja com o seu Senhor e Salvador, terá lugar no momento em que no céu aparecer o sinal de Cristo, ou seja, no momento de sua segunda vinda. Essa segunda vinda será um evento único e acontecerá logo após a grande tribulação.



VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA ESSA VINDA?

VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA NÃO SE PROSTRAR DIANTE DA IMAGEM DA BESTA NEM RECEBER SEU NÚMERO, MESMO QUE ISSO TRAGA SEU MARTÍRIO?



Não resta muito tempo para pensar nas respostas...




Maranata!

Jesiel Rodrigues / Johnerikson Santana

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